sábado, 24 de julho de 2010

Entrevista com Purification

As lendas do vegan straight edge italiano estão de volta para alguns shows na europa. O guitarrista Andrea ‘Monster’ e o novo Vocalista Matteo(baixista da última formação da banda - Overstate - Hup rec)me cederam essa entrevista muito esclarecedora e proveitosa.
Exibir Todas as Fotos | Purification 2010 | PURIFICATION (23/07 Fluff Fest!)
D.W.: O que os motivou a voltar para fazer esses shows de reunião pela Europa?

MONSTER: Penso que a razão principal para mim é que em 2004 foi decidido acabar com a banda, sem mesmo tocar um "último show". Eu estava realmente insatisfeito com a forma como terminou após quase 10 anos de carreira honrosa.
Outra razão importante é que hoje em dia a cena hardcore necessita de mais e mais bandas que tenham algo de positivo para dizer, especialmente agora que a cena está se transformando em um grande desfile de moda.
O Earth Crisis está de volta, o Vegan Reich está trabalhando em um novo registro. Então eis o momento perfeito, para nós, para voltarmos.

D.W.: Porque escolheram o nome PURIFICATION para a banda e o que esse nome significa para vocês?

MONSTER: Eu escolhi o nome em 1995. O principal motivo foi porque eu queria um nome que poderia ter um impacto especial sobre as mentes fracas. Na época, em nossa cidade (Roma), jovens emo e os “politicamente-corretos” estavam se tornando sxe, então eu queria deixar claro que o Purification foi para criar uma separação entre nós e eles. O próximo passo foi criar um grupo Militante Vegan Edge que nós chamamos de The Legion. O resto é história.


D.W: Qual é a atual formação do Purification?

MONSTER: Somos: Eu "Monster" e Emiliano "Frusinate" na guitarra e Matteo (proprietário de registros HUP e nosso baixista passado) nos vocais. Ao vivo usaremos outros músicos para ocuparem as posições de baixo e bateria.


D.W.: Aconteceram alguns esclarecimentos vindo de vocês sobre boatos que circularam dizendo que o Purification era uma banda nazi/xenofóbica. O que aconteceu para que vocês se esclarecessem sobre isso? Conte-nos mais sobre essa história.

MONSTER: Isso é tudo besteira que um bando de cuzões (na sua maioria italianos) inventou para nos descreditar naquilo que defendemos como uma banda. O Purification não fez nada e nada tinha a ver com qualquer movimento de extrema-direita orientada. Ponto final!
MATTEO: Como se fala na Itália: “A mãe dos idiotas está sempre grávida”. Nem precisa falar que só os estúpidos podem acreditar nestas besteiras.


D.W.: A banda carrega alguma bandeira religiosa ou coisa do tipo?

MONSTER: Não em um todo. Pessoalmente sempre fui um católico convicto, mas isso não tem nada a ver com a banda. Purification é apenas sobre o veganismo, Libertação Animal, Libertação da Terra e Straight Edge. É isso.

D.W.: Hoje em dia o hardcore conta com poucas bandas VEGAN. O que acham disso?

MONSTER: Como eu disse antes, é realmente difícil para as bandas sxe vegan, ou bandas em geral, com algo a dizer, se encaixarem na "cena" moderna hxc, onde tudo é reduzido a um jogo de moda. Mas ainda existem algumas bandas que estão levando a mensagem e apoiando a causa mundial.


D.W.: A banda tem algum plano de voltar ao Brasil?

MONSTER: Nós gostaríamos de estar de volta ao Brasil e, possivelmente, tocar também na Argentina e no Chile. Nosso novo vocalista, Matteo, tem boas ligações por lá, como você sabe. Por isso estamos trabalhando nessa hipótese.


D.W.: Na opinião de vocês, como consideram pessoas que são straight edge e não consideram o vegetarianismo?

MONSTER: Sxe é apenas um bom ponto de partida que deve evoluir para o vegetarianismo e veganismo em seguida. Isso é uma progressão normal. Na minha opinião, se você for apenas sxe não significa nada para mim.

D.W.: A banda tem ou já teve algum envolvimento com o movimento Hardline?

MONSTER: Temos estado em contato com os caras que criaram o movimento Hardline. Ainda somos bons amigos do Sean Muttaqi, do Vegan Reich. Mas o Purification nunca foi uma banda Hardline. Mas acho que respeitamos a maior parte de seus ideais.

MATTEO: Acho importante escrever que o Hardline é, entre outras coisas, pro-feminista e anti-racista. Pois há muita ignorância das pessoas ao respeito, que assume que é um qualquer movimento de direita pseudo “fascista”. O fundador é uma pessoa de clara origem mexicana e é muçulmano. Mas a maioria das pessoas do hardcore nem procura saber nada a respeito, só imaginam que seja algum tipo de sxe nazi que quer bater nas pessoas.
Deixando isso claro, tem alguns aspectos do Hardline com os quais não concordo, mas tem bastante deles que podem ser compartilhados. Por isso o Purification nunca foi uma banda Hardline nem religiosa pois para fazer isso todos os integrantes devem seguir a mesma linha, coisa que não é (e nunca foi) presente na banda.

D.W.: Muito obrigado pela entrevista. É de muita honra da minha parte conseguir esse registro Deixe aqui alguma mensagem para os leitores, links de divulgação e o que mais possa interessar.

MONSTER: Quero agradecer a você pela entrevista e por todo seu apoio ao longo dos anos, isso significa muito para nós mesmo!
Um grande abraço a todos os nossos amigos no Brasil e para todos os vegan sxe daí. Eu sei que a cena em seu país ainda é forte e tivemos a honra de tocar por aí em 2004 e mal posso esperar para estar de volta.
Nosso novo CD sairá em julho pela Hurry Up! Records e você já pode pré-encomendar, verifique os nossos links para todas as infos:

http://www.myspace.com/pvrification
http://www.pvrification.blogspot.com
http://www.facebook.com/pvrification

quarta-feira, 21 de julho de 2010

O Conteúdo Importa?


Voltando um pouco no tempo, (e olha que é pouco tempo mesmo) podemos nos lembrar de uma cena hardcore onde compareciam aos shows garotos e garotas com X na mão, se divertindo no pogo/moshpit/sejaláoquefor, do começo até o fim do show. Na sua maioria eram vegan/vegetarianos. Não existia panela, briga, intriga, discussão de internet nessa proporção que existe hoje. Não! Definitivamente não quero dizer aquela típica frase: “No meu tempo era melhor!”. Creio que meu tempo é hoje, é o que eu participo hoje em dia, é o que eu vivo hoje em dia. Isso é uma simples comparação, ou desabafo mesmo, pra poder mostrar que todos podem melhorar em muitos aspectos.
Hoje em dia no hardcore é muito comum a simples falta de dedicação em alguns pontos. Creio que todos nós vivemos ao redor da música, mas será que a mensagem realmente importa? É triste, mas hoje em dia podemos nos deparar com uma cena onde grande parte das pessoas pouco se importam com alguma causa política, não consideram o vegetarianismo, se focam em comprar os melhores tênis, ter as tatuagens mais fodas, pegar as (os) melhores meninas (os). Será que isso é hardcore, ou seria a vida de um cidadão comum que gosta de música pesada?
Quando tive o primeiro contato com o hardcore o que mais me chamou atenção foi a indignação com o sistema em que somos obrigados a viver, a vontade de mudar o mundo lá fora. O que será que se passa na cabeça das pessoas que não sentiram o que eu senti? Qual é o sentimento, o conteúdo que o hardcore passa pra eles? No momento isso é uma pergunta que não faço a mínima idéia de como responder.
Hardcore está longe de ser só música pesada, visual, tatuagens e dança violenta. Não é, nunca foi e nunca vai ser isso. Acredito que é algo normal você querer se vestir como as pessoas que admira, mas ai tem muito mais conteúdo pra ser aproveitado.
O hardcore tem sofrido uma inversão dos valores que nele existem. Se existe alguém que pode impedir que isso aconteça e que tudo o que foi feito seja perdido SOMOS NÓS. Esse é um estilo de vida contestador, que vive nadando contra a corrente. Não deixe que isso se transforme num meio frustrante, onde nada é importante, não há compromisso e a música gira ao redor do nada. Somos eu, você e todos que lêem esse zine, que vão aos shows que fazemos essa cena. Bote a cabeça pra funcionar.

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NO VIOLENCE - Todas as Frentes
“O PUNK HARDCORE ME INSPIROU
ME ENSINOU A SER O QUE EU SOU
MAS É NO MÍNIMO ILUSÃO
ACHAR QUE ELE TRARÁ A REVOLUÇÃO

EM TODAS AS FRENTES TEMOS QUE LUTAR
HÁ UM NOVO DIA POR VIR
TRANSCENDER NOSSOS LIMITES
TOCAR COM IDÉIA QUEM QUISER OUVIR

ISSO NÃO QUER DIZER
ABANDONAR O QUE SE FEZ
MAS ACREDITAR QUE AQUI SE TEM
APENAS UMA DAS VÁRIAS FORMAS DE LUTA.”

Editorial


Passado algum tempo assistindo, pensando e repensando em muitas coisas eu me encontrei num momento que senti necessidade de escrever esse zine. Com muita falta de tempo, pouca condição financeira, mas com força de vontade eu consegui finalizar a primeira edição do DAILY WAR ZINE. O nome pode ser interpretado de várias formas. Eu particulamente o escolhi pelo fato de todo dia achar que eu me encontro em uma guerra. Essa guerra começa assim que meu despertador toca, alertando que é mais um dia que eu terei que suportar meu patrão dando ordens, aguentar o pior tipo de gente e ainda por cima ser obrigado a dar razão pra todos eles, mesmo achando que isso é o cúmulo. Fazendo isso todos os dias da semana a gente chega no tão esperado fim de semana, onde você anseia por ter um bom show pra aliviar as tensões, encontrar seus amigos, dar umas risadas e poder, pelo menos por algumas horas, esquecer o mundo que existe lá fora. Nessas poucas horas podemos ser nós mesmos, falar o que pensamos, não precisamos nos corromper e podemos tentar mudar tudo aquilo que nos incomoda ou julgamos errado.
Peço desculpas antecipadamente pelos erros de português, pelos desabafos. Mas a razão pelo qual eu faço isso é algo que existe dentro de mim, que não pode simplesmente dar as costas pra algumas coisas que acontecem.
Minha intenção é que, com esse zine, algumas pessoas reflitam sobre vários assuntos e atitudes que nos cercam diariamente e que muitas vezes o simples fato de nada fazer sobre isso acaba prejudicando o Hardcore/Punk todo.
Hardcore, Straight Edge, Veganismo, serão assuntos frequentes por aqui.
Quero deixar claro que esse zine não foi feito pra agradar a todos e nem vai. O maior erro do ser humano é tentar agradar a todo mundo. O resultado que espero é que as pessoas absorvam as informações de forma positiva, que repassem para seus amigos o que acharem interessante.

Postarei alguns textos nesse blog, mas logo vai sair a primeira edição impressa.
Acho a internet um meio de comunicação muito bom, mas acho também de muita importância manter vivo o zine impresso,

Dúvidas, críticas e sugestões serão sempre bem-vindas:
xathosxjustice@gmail.com