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To Kill é uma banda de hardcore da Itália que foi formada por volta de 2003/2004. Sempre foram muito envolvidos com política, direitos dos animais e desde sempre, uma banda straight edge. Com influências variadas (do AC/DC ao Catharsis) lançaram 4 discos de destaque, fizeram inúmeras turnês pela Europa, incluindo uma turnê pelos Estados Unidos e, infelizmente, encerraram suas atividades em 2010.
Conversamos com o baterista Jai Fournier e ele nos respondeu algumas perguntas e curiosidades sobre variados assuntos. Destaque para uma pergunta que fizemos exclusivamente para a guitarrista da banda, Camilla.
Confiram aí.
1 – Qual é a história por trás do nome da banda?! Existe algo interessante que você poderia nos contar sobre isso?!
Jai: Aconteceu assim: Na época em que montamos a banda, existia aquela enxurrada de bandas que começavam o nome com “THE”, daí a gente resolveu buscar algo diferente, algo que soasse um pouco mais novo... é isso, eu acho.
2 – Conte-nos um pouco sobre o começo do To Kill. Você ainda se lembra?! Haha
J: Claro que lembro, aquela foi uma época maravilhosa de nossas vidas, tudo foi acontecendo muito rápido. Começamos do zero mas fomos a toda velocidade que podíamos. Muita esperança, estávamos conhecendo muita gente nova... fantástico.
3 – Como vocês decidiram terminar a banda? Quais foram os pontos principais que influenciaram vocês nessa decisão?
J: Nós estávamos cada vez mais nos focando em outras coisas das nossas vidas. Tínhamos outras coisas que queríamos fazer mas não poderíamos simplesmente deixar o To Kill “de lado”, então resolvemos colocar a banda pra descansar.
4 – Camilla, como é estar numa banda com 4 caras?! Qual é o ponto mais fácil e o mais dificil? Fale para as garotas do Brasil algo que elas devem saber sobre essa experiência.
Camilla: Eu sempre tive bons momentos com os rapazes no To Kill. Depois de tantos e tantos anos de amizade nos tornamos uma família, de verdade. Eles sempre foram muito gentis comigo e sempre nos divertimos muito, mesmo quando passamos por momentos muito stressantes, tipo dirigir por 10 horas até chegar a um show nosso. Quando eu penso nisso, eu sinto muita falta. Trabalhamos duro com mas nunca nos arrependemos de nada.
Para as garotas do Brasil eu só posso dizer: Viva cada dia como se fosse o último, divirtam-se e estejam sempre cientes do quanto vocês são importantes pra sua cena.
5 – No álbum “Vultures” há uma vinheta do filme italiano “Três Homens em Conflito” (“Il Buono, Il Brutto, Il Cattivo”.). Você poderia nos dizer qual a ligação que essa vinheta tem com essa música? Porque eu nunca entendi o que o Jack Burton tem a ver com isso. Hahaha
E de que filme/série é a vinheta de “The Big Sleep”?
J: Oh, aquele som... Wow, essa é velha! Como você ainda lembra dessa?!?! Bom, o título desse som (“Jack Burton is not going to have any revenge”.) é só uma referência a um filme que a gente ama e soou bem junto à letra e a vinheta também ficou legal, então a gente só falo “Foda-se. Vamos fazer”.
Com relação ao final da outra música, é de um episódio de “Arquivo-X”. Alguns de nós estávamos beeeem envolvidos nessa série, então...
J: Bem, Sea Shephard é uma organização que apoiamos muito. Josh é no momento um dos mais envolvidos, inclusive ele está no barco combatente da Sea Shephard em alto mar.
O que eu posso dizer é que nós queríamos muito ajudar eles e pensamos que dessa maneira seria perfeito, então gravamos alguns sons que amamos e é isso aí.
J: Eu acho que não tem nada a ver com uma “americanização” ou nada relacionado a isso. Basicamente, eu acho que o hardcore se transformou em algo maior, e um público muito maior se aproximou a isso, então, alguns assuntos mais complicados se tornaram um pouco esquecidos, mas o “miolo” da cena ainda está preocupado com esses assuntos. Eu acho que é mais por conta disso... Você sabe, um monte de gente atraída, mas essas são pessoas que vêem o hardcore como um lance de música alternativa.
8 – Ambos nossos países são muito católicos, ou envolvidos algum outro tipo de religião. Hardcore e religião costumam estar ligados na Itália ou as pessoas mantém as coisas separadas? O que o To Kill pensa sobre hardcore e religião compartilhando o mesmo espaço?
J: Nós somos todos ateus racionais. Todos nós acreditamos que religiões são basicamente perigosas. Alguma mais, outras menos, mas de qualquer nós somos a favor da liberdade e eu diria que sentimos o discurso religioso como uma maneira de se manifestar, tudo bem, mas temos fortes argumentos contra dogmas e religiões... vocês fazem as contas.
9 – Vocês estão envolvidos com outros projetos, bandas, trabalhos, estudos, qualquer coisa?
J: Ugo, Camilla e eu temos uma nova banda que se chama Chasing Planets. Soa completamente diferente do To Kill, mas adoramos. Vocês deveriam conferir no facebook ou aí pela Internet! Todos temos interesses diferentes, todos estamos envolvidos em atividades diferentes e basicamente, ainda vamos aos shows essas coisas. J
10 – Jai e To Kill, muito obrigado pela entrevista e toda atenção. Este é seu espaço. Mandem sua mensagem para os amigos da América do Sul.
J: Muito obrigado por essa entrevista e me desculpe se eu demorei demais! Eu sou um desastre com essas coisas. A gente gostou muito disso tudo! Desejamos a vocês o melhor e esperamos encontrar com vocês por aí de alguma maneira. Cuidem-se!
Alguns que acompanham o zine desde o começo sabem que me importo em relatar algumas coisas que me convém. Há tempos não escrevia um texto do tipo, mas como morador do bairro Campos Eliseos eu não posso simplesmente fingir que não percebo e vejo o que acontece ao meu redor. Sou morador da região que é conhecida como Cracolândia desde março do ano de 2010. Desde o começo me alertaram sobre o que viria a acontecer no decorrer da minha estadia aqui e até agora foi tudo conforme o que haviam me dito. Mas bem, como vocês não sabem disso eu explico.
Há anos a região é movimentada por viciados que andam sempre em bandos que fazem o uso do Crack em plena luz do dia. Desde que eu me lembre a Polícia Militar nunca se importou muito em reprimir esse povo e o governo pouco se importou em por em prática projetos de reabilitação para os usuários. A região foi desvalorizada desde então, pois ninguém que possa escolher morar numa região sem o uso intenso de drogas e a total “poluição visual” escolheria o Campos Eliseos.
Há algum tempo surgiu a o projeto da tal revitalização do centro de São Paulo. O projeto aqui na região teve o nome de Projeto Nova Luz. Recebi a visita de uma assistente social que me fez perguntas sobre o que eu acho que deveria ser mudado na região e quais eram os defeitos . Eles tem em vista construir praças, CEU’s, uma Cohab e algumas coisas mais aqui na região. Alguns prédios e estabelecimentos seriam desapropriados para que o projeto pudesse se concluir.
Há alguns meses também chegou o tal do OXI, que uma mistura de pasta-base de cocaína, querosene e cal virgem mais devastadora do que o temível crack. Ela tem um custo muito mais barato do que o próprio crack e é dito também que o consumo diário pode matar uma pessoa em poucos meses. O mais engraçado de tudo é que essa droga apareceu numa data não tão distante o Projeto Nova Luz? Uma droga super destrutiva aparecendo na região que viria a ser totalmente “revitalizada” soa um pouco coincidente pra mim. Mas esse é só um detalhe.
Desde o começo de janeiro de 2012 a polícia vem agindo de forma totalmente facista na região. A repressão contra os usuários de crack e moradores de rua tem sido intensa. Mulheres e crianças sendo tratadas de forma mais que humilhante. Coisa que nunca havia acontecido antes. Uma grande parte dos usuários estão migrando pra outras regiões da cidade como algumas partes da zona leste não tão distantes do centro, Bom retiro, Pari e por ai vai.
Analisando tudo o que eu escrevi acima eu posso entender algumas coisas:
Antes, quando a cracolândia não era reprimida pela polícia, a região era totalmente desvalorizada. Com a região desvalorizada barateia o custo do governo pra que alguns edifícios e estabelecimentos sejam desapropriados para a conclusão do Projeto Nova Luz. O Oxi e a repressão da polícia estão servindo pra fazer com que os usuários deixem a região de uma forma mais rápida e fácil, pois a reabilitação deve sair caro e também ser muito desinteressante pro governo. Afinal, os viciados são vistos como animais por aqui e não como seres humanos, então logo podem ser tão descartáveis como um lixo qualquer pra eles. Sendo assim quando a Copa do Mundo chegar a região central da cidade vai estar totalmente “limpa”. Afinal de contas o Brasil não pode fazer feio, né? Muita gente vem de fora e o que eles pensariam de nós?
O mais triste de tudo é ver como não só os moradores, mas também a sociedade num geral enxerga a situação como algo favorável pra quem aqui habita. Conversando com o meu patrão sobre essa situação ele me comenta: “Isso tá sendo bom pra quem mora lá. Porque se você for reparar eles são como animais e só tiram o sossego de quem quer viver em paz.” Bem, comentários sobre essa fala se fazem desnecessários. Isso só ressaltou o que uma grande parte da população paulistana deve pensar sobre esse caso que está sendo resolvido.
Lembrando que todas as coisas que citei aqui são conclusões que eu tirei com base no que me foi dito por mais de uma pessoa. Isso não é nada que seja 100% verídico, mas que eu achei no mínimo de muita coincidência. Finalizo a o post com algo que aconteceu essa semana que me surpreendeu: a atualização do facebook do ator Fábio Assunção. Ele postou um texto que resume perfeitamente a situação da Cracolândia:
“O que leio diariamente sobre a ação da polícia, visita das autoridades e discussões dos representantes da sociedade sobre a cracolândia, deixa evidente a dificuldade do homem em assumir e ser honesto frente a questão da dependência química no mundo ou aqui no Brasil, problemática grave e perigosa, vivida por 14% da população mundial, ou, 700 milhões de pessoas. Delegada pelo estado aos homens discriminados pela sua pobreza e raça, os administradores da produção e distribuição de entorpecentes. Quem realmente anda batendo cabeça não me parece serem apenas os dependentes de álcool e drogas, os drogados como os seres fúteis e ignorantes costumam chamar, e sim a sociedade, que se torna indecente com tanta hipocrisia e demagogia. Enquanto não nos libertarmos do nosso sentimento equivocado de superioridade aos que vivem num labirinto de desespero e solidão e enquanto não formos honestos com nossas vidas, essa tristeza vai continuar. Mas tudo bem, para quem prefere se declarar estrangeiro à essa questão. Um dia seus filhos o farão pensar sobre isso de forma humanitária. Nada como um dia após o outro. Crime é fechar os olhos àquilo que precisa de inteligência e verdade, além, claro, de amor. Nossas autoridades passeiam pela cracolândia como se estivessem no Simba Safari, olhando os animais do carro, rezando para não serem atacados. O frágil não são os senhores, são as almas em busca do nada, sem a capacidade de desenhar um caminho verdadeiro. Aliás, minto, os frágeis são sim, os senhores, por que é preciso ser forte para vencer uma tempestade e os senhores não vivem sem seus guarda chuvas de papel.”
Alguns links que retrataram um pouco da situação por aqui:
Bem, eu sei que faz tempo que eu não passava por aqui. Muita coisa acontecendo e pouco tempo pra me dedicar melhor ao zine. Mas sempre que puder vou tentar dar uma atualizada por aqui e também na versão impressa. Ainda tenho algum material parado que vai ser postado mais pra frente também.
Por hora, vamos ao que interessa:
1- Olá Congas. Muito obrigado por nos conceder essa entrevista. Primeiramente fale quando e como sobre a banda começou.
Olá, tudo bem? A história de FOR THE GLORY remonta ao ano de 2003.
Na altura eu estava em tour com uma banda antiga que tinha chamada What Went Wrong, e estavámos na Europa em tour quando decidimos que gostaríamos de fazer um outro projecto, que fosse mais a nossa cara em termos de sonoridade. O impacto de ter visto o primeiro show de sempre de Terror na Europa nessa tour, também foi o catalisador para começar com este projecto.
Uma vez chegados a Lisboa, tentámos encontrar os membros para completar o projecto, ai surgiu o Rui que veio completar a formação. Fizemos umas 5 musicas, gravámos uma demo e passado uns tempos gravámos um MCD, a história começou a ser escrita. Passaram 8 anos, mudámos de formação algumas vezes, mas as peças centrais sempre foram as mesmas, eu, Sérgio e Rui. Desde 2006 que temos o Cláudio na bateria e em 2009 completámos a formação com o João Reis.
2- Quais os temas que a banda comenta nas letras e o que te influencia na hora compor?
As letras tentam retratar todo o dia a dia da vida cotidiana de um jovem que vive em Portugal. Tento escrever nas letras algo que todos se possam rever, não quero criar as coisas tão pessoais ao ponto de mais ninguém perceber do que falo, quero ser sincero e acima de tudo simples, para que a mensagem ou o estado de espirito seja bem interpretado.
Temos aquelas letras da realidade hardcore, dos problemas que afectam a nossa cena, porque por muito diferente que seja o teu País, os problemas são os mesmos. Depois tentamos criar alguma letras com um cariz mais social, mas sem cair na tendência de ser rotulados como banda politíca ou o que quer que seja. Tentamos ser conscientes e justo e escrever sobre a nossa visão do Mundo, pois o hardcore facultou-nos uma visão mais abrangente em relação a vários assuntos, não julgar fácilmente, nem criar juízos sobre qualquer assunto sem se aprofundar e saber mais sobre ele. Nos dias de hoje, faz cada vez mais sentido as bandas mostrarem nas suas letras o sentimento de raiva e desilusão com que os senhores do poder deixaram cair o nosso Mundo.
3- Recentemente vocês lançaram o álbum nomeado "Some Kids Have No Face". Houveram bons resultados após o seu lançamento?
Sim temos recebido boas criticas ao disco, e temos visto que a galera tem aderido no que conta.
Mas, o processo de lançar disco e veres logo o impacto nos dias de hoje é muito lento. Com a quantidade de discos que saem por mês, muita gente ouve uma vez e mete de lado, depois mais tarde voltam a ouvir e aí já dão valor ao discos. Por vezes tarde de mais, porque às vezes algumas das bandas acabam nesse meio tempo.
4- Como anda a cena hardcore em Portugal e na Europa no geral? Vocês estão tendo um bom momento para as banda locais nos dias de hoje?
A cena hardcore em Portugal é muito boa. Creio que há muitos anos que não conseguiamos ter tantas bandas de norte a sul do País. No momento está forte, apesar de estarmos a viver uma altura com demasiados concertos, o que faz com que as pessoas tenham de optar e em vez de termos um show muito cheio, temos vários com pouca gente. Mas esse é o preço que se paga com muita oferta. Faz falta em Portugal uma banda straightedge que carregue com essa mensagem, há muito tempo que Lisboa não tem uma banda totalmente edge, e isso é importante para mostrar o lado mais posi da cena hc de Lisboa.
Todas as bandas agora conseguem fazer boas gravações e lançar bons discos, também as tours grandes, todas agora querem passar por Portugal e isso também coloca a cena Portuguesa ao nível das demais na Europa, se bem que a um nível mais reduzido.
Sinceramente acredito muitos na galera nova que têm aparecido nos shows e espero que não percam a chama, pois eles serão o futuro da cena hardcore portuguesa.
5- Cite algumas das bandas que os membros tem escutado recentemente e algumas recomendações também.
Eu não sei o que eles têm escutado, mas posso dar alguns exemplos do que tenho ouvido.
Bon Iver - For Ema, Forever Ago / Overcome - Make It True / No Turning Back - Take Control / Switchtense - Switchtense / Megadeth - Youthnasia
mas isto é tudo muito subjectivo, a minha playlist muda constantemente.
6- Vocês já tocaram em circuitos fora da Europa? Se não, pretendem fazê-lo em um futuro próximo?
Essa seria uma das cenas que um dia gostaríamos de poder fazer, mas de momento é impossível. a nossa situação financeira não nos deixa espaço de manobra para sair de Portugal e deixar tudo para trás e simplesmente ir perder dinheiro que não temos. Portanto a resposta será, sim queremos ir tocar mas não sabemos quando o iremos fazer ou se alguma vez o iremos fazer infelizmente.
Para 2012 estamos a preparar algumas coisa, temos um split 7" que irá sair com uma banda da Alemanha chamada World Eater. Estamos também a trabalhar em novas músicas, e gravamos há pouco tempo um concerto em Lisboa, que iremos tentar lançar se tiver qualidade, num disco ao vivo. Não sabemos ainda se iremos fazer tour européia ou não, mas não posso estar a fazer planos a médio ou curto prazo porque o futuro em Portugal está bastante incerto. Mas de certo que não vamos estar parados, nunca estivemos, fazemos tudo ao nosso passo.
8- O que fazem os membros da banda além de tocar no For The Glory? Existem projetos paralelos relacionados a música?
A vida da malta de FTG é bastante normal, uns trabalham, outros neste momento devido à crise não trabalham.
Mas estamos envolvidos com a cena de várias formas, eu mantenho a minha Booking (Agendamento de Shows) e de vez em quando lanço o meu zine OVERPOWER OVERCOME, O Cláudio tem um estúdio de música com o irmão André (Death Will Come), o João toca noutra banda chamada Neighborz. Todos nós tivemos várias bandas no passado, umas mais influentes que outras, mas todos estes anos estivemos envolvidos com hardcore e com a música no geral.
9- Este é seu espaço. Deixe seu recado, links e o que mais possa interessar!
Um abraço especial por nos dares este espaço de promoção, seria um prazer ir ao Brasil e conhecer muita gente nova.
É bom quebrarmos a barreira geográfica que separa os dois países, espero um dia conhecer muita malta nova do outro lado do Atlântico!
Se a malta do Brasil quiser dar uma escutada numas bandas daqui, há muita banda legal com cenas legais. Se estiverem interessados em conhecer mais da cena Portuguesa entrem em contacto.
Um abraço forte.